
O Guia-me voltou a acontecer este ano. Desta vez de olhos abertos mas com o mesmo espírito:
um encontro
com uma pessoa sob o pretexto da cidade; um encontro com a cidade através de uma
pessoa que a habita profundamente. E a criação de um objecto artístico a partir
desse encontro.
As guias Adelaide, Carlota, Fátima, Fernanda, Helena, Joaquina,
nascidas e criadas nas freguesias do centro histórico do Porto, guiaram
um total de 12 pessoas ao longo de 4 dias de passeios. Cada guia
conduzia pela sua geografia mais familiar e pelas suas memórias, uma
pessoa de cada vez. No final da cerca de 1 hora de viagem, reuníamo-nos
em minha casa para partilhar a experiência e transformá-la num mapa
escrito e ilustrado.
O dom farelo, pelas mãos da Cátia Faísco, fez uma edição especial de biscoitos para este Guia-me.
Enquanto faziamos o nosso mapa, comiamos corações de amêndoa e limão ou canela e gengibre:
Helena, guia da Sé
Carlota, guia da Ribeira
Francesca, guiada de Inglaterra-Braga
Alguns dos mapas feitos pelos participantes:
A história do Guia-me
Estou de olhos vendados e sou guiada por uma pessoa, que me passeia por uma área que lhe seja familiar, que faça parte das suas rotinas ou das suas memórias- a sua rua, o seu bairro, a sua casa. No final, num mapa-livro registo livre e subjectivamente a geografia emocional de cada passeio.
O facto de estar de olhos vendados coloca-me numa posição de
fragilidade que é equilibrada pela responsabilidade e urgência sentidas por
quem me guia. Isto traz uma cumplicidade não só de espírito mas
também de corpo: o braço dado, o desvio dos obstáculos, a voz que ordena, dirige,
previne. Há uma subtil inversão de papéis: eu que sou guiada por
um percurso físico, guio por um percurso emocional. Absorvo os
pormenores da experiência e provoco determinadas conversas, despertando
memórias e sensações, tudo matéria que enformará o mapa-livro.
A ilustração é aqui uma ferramenta que dá forma a experiências intimistas. Pelo prazer de olhar as pessoas atentamente, entrar no seu mundo como quem entra
num lugar sagrado e aí remexer no silêncio, nas palavras, na dança do
quotidiano que se torna poesia e inspira a criação.
Os 8 mapas-livros que surgiram dos passeios de olhos vendados:
O mapa do Sr. Lino
O mapa da Orquídea
O mapa da Maria José

O mapa do Sr.Vilela
O mapa da Fátima

O mapa da Joaquina

O mapa da Helena

O mapa da Fernanda
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