Há lobos na minha aldeia Uivam aos louva-a-deus e às salamandras nocturnas Uivam De fora para dentro Até comerem a minha cabeça
Fico eu mulher-árvore, mulher-ameixa, mulher-estorninho Feita em galhos, em caroços, em penas Sem braços, sem pernas Em devaneios lunares, atada até ao pescoço Ultimando os preparativos para a festa dos Cornudos pelos nas costas, terra nas unhas, dedos na testa Canudo canudo Cruzes credo Morre o sino, chora o alaúde Dente de alho em jejum, pela minha saúde Ai senhora do monte Arde a grande casa de quando eu era pequena E as memórias fazem-se fumo E as paredes fazem-se rua Aldeia de mim Alcateia de mim Teia de mim Ai senhora dos aflitos Livrai-me do mal de querer cozinhar e não ter sal.